sábado, 1 de agosto de 2009

Sarney disse a Lula que deixará o cargo, diz revista



Presidente do Senado teria dito a Lula sobre saída por telefone na última segunda-feira
Presidente do Senado teria dito a Lula sobre saída por telefone na última segunda-feira


Sufocado pela série de denúncias de irregularidades e pela pressão dos próprios parlamentares, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teria dito na última segunda-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está cansado e deixará o cargo. As informações são da edição da revista Veja desta semana.

De acordo com a publicação, a conversa entre os aliados teria ocorrido por telefone, quando Lula ligou a Sarney para saber sobre o estado de saúde de sua mulher, Marly Sarney, internada em São Paulo após fraturar o braço e o ombro durante acidente doméstico.

Segundo um interlocutor ouvido pela revista, Sarney teria admitido que "não aguenta mais e que negociaria uma saída". A declaração peemedebista a Lula teria sido inclusive o fator responsável pela mudança de tom do discurso do chefe do Planalto na última semana.

Na quarta-feira, durante encontro com a presidente do Chile, Michelle Bochelet, em São Paulo, Lula disse que a crise do Senado não é problema dele e que não havia votado em Sarney. Em discursos anteriores, Lula fazia questão de defender Sarney.

Lula e o PMDB já teriam começado a discutir o futuro político com a saída de Sarney, de acordo com Veja. Para garantir a convocação de uma nova eleição, a ideia é que o atual presidente do Senado renuncie. A medida evita que o cargo fique com o vice-presidente, Marconi Perillo, do PSDB - o maior temor dos governistas.

Suspeitas de grilagem de terras
A revista ainda traz novas denúncias de grilagem de terras e estelionato contra José Sarney em Santo Amaro, no interior do Maranhão. O presidente do Senado teria adquirido, de forma ilegal,uma área com reservatórios de gás natural.

Há três anos, com a valorização do gás no mercado internacional, a Agência Nacional do Petróleo teria decidido licitar a área para exploração há trêa anos. No entanto, antes da licitação, segundo Veja, Sarney teria "tomado posse" das terras, com indícios de grilagem e estelionato.

Oficialmente, as áreas dos reservatórios pertencem à empresa Adpart, que teria o presidente do Senado como cotista. No entanto, de acordo com a reportagem, existem desconexões entre o conteúdo dos papéis da empresa de Sarney e as certidões dos imóveis.

Em uma certidão a que Veja teve acesso, Sarney teria afirmado que adquiriu 200 hectares de um lavrador. Porém, em entrevista à publicação, o lavrador teria dito que havia comercializado um "pedacinho pequeno de terra", onde cultivava caju e mandioca. O terreno teria sido comercializado por R$ 25 mil, pagos em dinheiro por Ronald Sarney, irmão do presidente do Senado.

Ainda segundo a revista, o principal poço de gás situado na área estaria cercado por arames e madeira. Um capataz de Sarney teria dito que fez o serviço a pedido do patrão (Sarney), que teria ido três vezes ao local.

Conforme Veja, em fevereiro de 2006, o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, indicado por Sarney, teria autorizado a Agência Nacional do Petróleo a licitar a área. A Panergy, que venceu a licitação, teria pago R$ 1,1 milhão pelo direito de investir na região. A empresa espera a autorização ambiental do Instituto Chico Mendes para inciair a exploração, segundo a revista.

À publicação, o proprietário da Panergy teria dito que a área é um campo de gás e não há problemas para explorá-la. Ele ainda teria afirmado que foi informado que a área é pública e pertence ao Maranhão. A presidente da estatal de gás do Maranhão durante a licitação do local, Telma Thomé, teria confirmado que a área é pública. Procurado pela reportagem da revista, o cartório de Santo Amaro teria dito que "o pessoal do Sarney trouxe a certidão de compra das terras. Não posso falar mais nada".

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