quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Ex-governador diz que no Maranhão Sarney e Flávio Dino são os melhores amigos do homem que destruiu o Brasil


Enquanto a grande maioria da população Maranhense sonha com um estado livre do comunismo, e livre da doutrinação esquerdista, diga-se de passagem, livres de Roseana Sarney, Flavio Dino, Lobão, Weverton Rocha, Sarney, e do próprio Jose Reinaldo e etc. 

O ex-governador, surge com essa perola: Em entrevista a uma rádio, Tavares teve a desfaçatez de contrapor o senador esquerdista Weverton Rocha, ao afirmar que quem é o melhor amigo de Lula é o Sarney e Flavio Dino, e não o senador esquerdista.

O ex-governador deveria era ter vergonha, de ao menos citar o nome do ex-presidente. Pois a população de bem desse sofrido estado não aguenta, mas ser dominada por uma classe de políticos sem compromisso com as causas da população. 


terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Alumar lança Programa de Formação de Mulheres na Operação


O Consórcio de Alumínio do Maranhão – Alumar lança hoje programa com o objetivo de contratar e qualificar 50 mulheres que atuarão em diversas áreas operacionais na produção de alumínio. O Programa Corporativo de Mulheres na Operação tem inscrições abertas até o dia 11 de fevereiro pelo site (www.alcoa.com.br) ou por meio do perfil da Alcoa no LinkedIn.

As mulheres selecionadas para participar do programa terão um mês de qualificação oferecido pela Alumar em parceria com o SENAI, com conteúdos práticos e teóricos voltados à educação para o trabalho, como comunicação oral e escrita, planejamento e saúde e segurança, além de módulos técnicos, com programação envolvendo noções da operação e outros processos operacionais. Além disso, as novas colaboradoras terão acompanhamento de um(a) tutor(a) durante os três primeiros meses de trabalho.

Riane Oliveira, business partner da Alumar, que está à frente deste projeto, enfatizou: “essa oportunidade que estamos oferecendo reforça a nossa missão de construir uma cultura mais forte para todos e todas. Queremos que nossas colaboradoras se sintam qualificadas para realizar com segurança um bom trabalho, acolhidas neste ambiente que incentiva a diversidade e motivadas para fazer a diferença nas operações de nossa empresa”, concluiu.


Segundo a gerente de RH, Tereza Cavalca, a Alumar, pautada em suas origens, incentiva toda política que possa ser traduzida em avanço social. "O objetivo é manter e fomentar ações que possam produzir resultados concretos e significativos em relação à solidificação das conquistas históricas de grupos que sofreram discriminação ou processo de exclusão no mercado de trabalho”, concluiu.

Conforme o diretor Helder Teixeira, "nosso propósito é e sempre será levar mais robustez à economia do estado, melhoria das condições de vida da nossa população com geração de emprego e renda, participação ativa na vida das comunidades com incentivos e projetos e, ainda, contribuir para que o Maranhão se desenvolva de maneira sustentável e promissora", disse.

A Alumar é reconhecida nacional e internacionalmente pelas suas políticas de inclusão. Em 2021 foi certificada pelo Guia Exame de Inclusão & Diversidade e, em 2020, recebeu a premiação de Melhor Empresa em Diversidade no setor de Siderurgia e Mineração. Entre as iniciativas desenvolvidas pela Alumar, destacam-se a AWN (Rede de Mulheres da Alcoa), que tem como missão fornecer inspiração, conscientização e conexões na promoção de uma cultura de inclusão de mulheres e melhoria da diversidade de gênero. Também conta com os grupos EAGLE (Colaboradores na Alcoa pela Igualdade LGBTQIA+), AWARE (Alcoanos e Alcoanas Trabalhando Ativamente para a Equidade Étnico-Racial) e ABLE (Alcoanos e Alcoanas Indo Além de Expectativas Limitantes).

Outras Oportunidades

A ALUMAR anunciou, no início de janeiro, a retomada de 100% de sua capacidade de produção de alumínio. A entrega do primeiro lingote de alumínio está prevista para o segundo trimestre de 2022 e a capacidade total deverá estar operacionalizada até março de 2023 e abastecida com energia 100% renovável. Ao todo, a reinicialização envolverá a contratação de mais de 1.000 colaboradores diretos, além de gerar 1.500 empregos indiretos. As vagas disponíveis também estão disponíveis no site da Alcoa e no LinkedIn.

Sobre a Alumar

O Consórcio de Alumínio do Maranhão - Alumar é um dos maiores complexos industriais de produção de alumina e alumínio do mundo. Inaugurado em julho de 1984, é formado pelas empresas Alcoa, Rio Tinto e South32 e desempenha um papel importante no Maranhão. Cerca de 90% de seus colaboradores são maranhenses, além de contar com centenas de fornecedores locais.

O sistema de gestão da Alumar é integrado e engloba gestões de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente estabelecido com base nas normas NBR ISO 9001, NBR ISO 14001 e NBR ISO 45001. Em 2019, obteve a certificação ASI (Aluminium Stewardship Initiative), o mais importante Selo de Sustentabilidade na cadeia de valor do alumínio.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Entendendo a Tarifação do Fio B previsto na Lei 14.300

 

Tema gera dúvida aos integradores que ainda não conseguem calcular o real impacto da tarifação do Fio B.

No dia 7 de janeiro de 2021 o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei 5829/2020, dando origem à Lei 14.300, que regulamenta a geração distribuída no país. De um lado, entidades estão comemorando a aprovação do projeto, do outro lado os integradores estão lamentando. 

O fato é que muitos simplesmente não entendem como calcular o impacto do Fio B nas contas de energia, o que é fundamental para entender efetivamente os conceitos e como são realizados estes cálculos, para de fato, com propriedade, poderem se posicionar e instruir seus clientes.

A Lei não trata somente sobre o Fio B, mas trata sobre condicionantes para as tarifações futuras e também outros assuntos, abrangendo não somente energia solar fotovoltaica, mas também incorporando outras formas de geração de energia interligadas ao SIN (Sistema Interligado Nacional). 

Porém, entender efetivamente o que é o Fio B e seus conceitos é um grande avanço para o empresário do setor de energia solar que deseja estar engajado com o futuro do segmento.

Para entender sobre o que tange a tão falada tarifação do Fio B, é necessário que se compreenda inicialmente o que é o Fio B. Vale destacar que a dedução do Fio B só impacta o montante de energia exportado para a rede elétrica da concessionária, não impacta a energia gerada e consumida instantaneamente na unidade consumidora. 

Assim sendo, sem dúvida, faz-se necessário entender o conceito de simultaneidade, que vai determinar o montante que não será compensado, e consequentemente o quão viável será um projeto conectado à rede da distribuidora local após o dia 07 de janeiro  de 2023.

Afinal, o que é o Fio B?

Para entender o que é o Fio B, precisamos entender tudo o que compõe uma conta de energia de um cliente final. Para fins de avaliação deste artigo, estamos direcionando a nossa atenção somente para contas de energia de clientes enquadrados no grupo B.

Uma conta de energia é composta pela famosa TE (Tarifa de Energia), referente ao consumo de Energia do Sistema de Distribuição, e também pela TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição). Por fim, o adicional de bandeira tarifária, contribuição na Iluminação Pública, Subvenção tarifária (para propriedades rurais) e outros.

O Fio B está inserido dentro da esfera da TUSD que é repleta de componentes tarifários. Porém, dentro deste artigo, menciono a TUSD Fio A, que são os custos vinculados à manutenção e operação das linhas de transmissão, e destaco também a TUSD Fio B, que são os custos vinculados a utilização da infraestrutura da rede de distribuição da concessionária local até as residências, comércios, indústrias e propriedades rurais.

Ao entender o que é o Fio B, mencionarei aqui o artigo 27 da Lei 14.300, que trata sobre o escalonamento da tarifação do Fio B. O trecho diz:

“Art. 27. O faturamento de energia das unidades participantes do SCEE não abrangidas pelo art. 26 desta Lei deve considerar a incidência sobre toda a energia elétrica ativa compensada dos seguintes percentuais das componentes tarifárias relativas à remuneração dos ativos do serviço de distribuição, à quota de reintegração regulatória (depreciação) dos ativos de distribuição e ao custo de operação e manutenção do serviço de distribuição:

I – 15% (quinze por cento) a partir de 2023;

II – 30% (trinta por cento) a partir de 2024;

III – 45% (quarenta e cinco por cento) a partir de 2025;

IV – 60% (sessenta por cento) a partir de 2026;

V – 75% (setenta e cinco por cento) a partir de 2027;

VI – 90% (noventa por cento) a partir de 2028;

VII – a regra disposta no art. 17 desta Lei a partir de 2029.”

Neste trecho da Lei, está explicitado o escalonamento da cobrança do Fio B, lembrando sempre que o artigo 17 referido no VII ano da transição, trata da “delegação” de poder a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para determinação das regras tarifárias que regulamentarão a classe a partir do ano de 2029, resultante do chamado “encontro de contas” para valoração de custos e benefícios da GD. 

Desta forma, quem iniciar o seu processo de homologação a partir do dia 07/01/2023 já estará sujeito às novas regras de não compensação do Fio B. Ou seja, se seu cliente conectar o projeto à rede de distribuição no ano de 2023, ele passará a pagar o Fio B na conta de energia de forma escalonada ao longo dos anos, conforme exemplo abaixo:

  • Solicitação de Acesso protocolada em 07/01/2023: pagará 15% do Fio B em 2023, 30% do Fio B em 2024 e assim sequencialmente até o sétimo ano de transição onde estará pagando 90% do Fio B mais o percentual que a ANEEL determinar ou não após a valoração dos benefícios da GD;
  • Solicitação de Acesso protocolada em 07/01/2024 pagará 30% do Fio B em 2024, 45% do Fio B em 2025 e assim sequencialmente até o sétimo ano de transição onde estará pagando 90% do Fio B mais o percentual que a ANEEL determinar ou não após a valoração dos benefícios da GD.

O Fio B representa 28% da tarifa da minha conta de energia?

A resposta é não, o Fio B não representa 28% da tarifação da conta de energia. O Fio B é um valor absoluto, calculado anualmente pela concessionária e validado pela ANEEL. O percentual de 28%, foi adotado como um valor médio para algumas análises de entidades do setor, porém é fundamental que todos entendam como valorar em unidades monetárias absolutas em R$. 

Afinal, existem grandes variações de concessionária para concessionária, pois o valor da TUSD Fio B depende de uma análise de adensamento populacional de cada rede de concessão (calculado pela concessionária). Quanto mais otimizada a relação Unidades Consumidoras x Área de concessão, mais barato deverá ser o valor da TUSD Fio B. 

Exemplificando: a CPFL Paulista possui dentro de sua área de concessão um grande volume de unidades consumidoras, fazendo com o que o custo total da TUSD Fio B seja diluído em muitas unidades, reduzindo assim o custo final da utilização da infraestrutura do sistema de distribuição entre todos os consumidores desta região.

Já a Equatorial Pará possui uma relação Unidades Consumidoras x Área de concessão muito abrangente, fazendo com que exista uma quantidade menor de unidades consumidoras (se comparada com a CPFL Paulista) para uma área de concessão espalhada por uma área territorial muito grande. Isso impacta os custos finais de utilização da estrutura, sendo este mesmo custo dividido por poucas unidades consumidoras, aumentando portanto o valor final da TUSD Fio B.

Para efeitos comparativos temos (dados de 10 de janeiro de 2022):

CPFL Paulista: (Estado de São Paulo)

  • Tarifa residencial B1 Convencional: R$ 0,82 
  • Tusd Fio B: R$ 0,1480
  • Percentual da TUSD Fio B sobre a Tarifa: 18%

Equatorial Pará: (Estado do Pará)

  • Tarifa residencial B1 Convencional: R$ 0,76 
  • Tusd Fio B: R$ 0,3768
  • Percentual da TUSD Fio B sobre a Tarifa: 50 %

Conforme dados acima, a comparação entre o estado de São Paulo na área de concessão da CPFL Paulista e o estado do Pará na área de concessão da Equatorial Pará, é possível notar que a TUSD Fio B impacta de forma muito diferente nos diversos estados e áreas de concessão do país, e cabe a cada um realizar a valoração individual deste impacto de acordo com a área de concessão de seus clientes.

Para encontrar o valor da TUSD Fio B é necessário consultar os resultados dos processos tarifários de distribuição da ANEEL e baixar a estrutura tarifária da distribuidora da área de concessão objeto de consulta. Por meio de uma planilha em excel na aba TA Aplicação, será possível encontrar a TUSD Fio B.

tarifação fio b

A Simultaneidade e seu papel na tarifação do Fio B

Quando qualquer empresa é acionada para realizar o orçamento de um sistema fotovoltaico, vários dados são levados em consideração para levantamento de dimensionamento e proposta ao cliente final. Porém o método mais utilizado, de forma simples e objetiva, é o dimensionamento do sistema com base nos dados históricos de consumo do potencial cliente.

Quando um sistema fotovoltaico é dimensionado, raramente o fator simultaneidade é levado em consideração pela empresa que orça o sistema. Mas este cenário muda bastante e faz-se necessário o entendimento e a análise da simultaneidade em um cenário pós vacância da Lei.

Mas enfim, o que é a tal da Simultaneidade?

Vamos criar um cenário hipotético por meio da criação dos personagens José, Maria e família.

Imaginem que o senhor José é um pai de família, casado com a dona Maria e possuem 2 filhos. Todos os dias da semana o senhor José, dona Maria e família acordam às 6h da manhã, tomam seu café, e às 7h da manhã todos saem de casa. O senhor José e a dona Maria vão ao trabalho, onde permanecem até às 18h e seus filhos vão para o colégio de ensino integral onde permanecem até as 17h30. 

Durante o dia, enquanto não há ninguém em casa, o consumo de energia da residência é muito baixo, limitado ao televisor, bebedouro e geladeira conectados às tomadas. A partir das 17h30, quando os filhos chegam do colégio, o consumo passa a aumentar. 

Iniciam-se os banhos em chuveiros elétricos e inicia-se também a utilização mais constante de outros equipamentos. Os aparelhos de ar condicionado da sala e do quarto dos filhos são ligados, e este padrão de consumo permanece até às 6h. O gráfico abaixo expressa o consumo de energia da família do senhor José e dona Maria ao longo de 24 horas em um dia normal de semana.

Fonte: Ricardo Marques

Após vários aumentos na conta de energia da família, eles decidem adquirir um sistema de energia solar fotovoltaica. O sistema de energia solar dimensionado para atender seu consumo foi um sistema de 4,5 kWp com dois micros inversores de 1,5 kW, totalizando uma potência nominal de 3 kW. 

Em um dia sem nuvens na primavera, o sistema de energia solar do senhor João inicia suas operações às 06h da manhã, atingindo o pico de potência às 9h45. Ele permanece neste estado de operação até às 14h e encerra seu ciclo de operação às 18h. A geração de energia pelo sistema adquirido pelo senhor José está explícito no gráfico abaixo:

Fonte: Ricardo Marques

Para compreendermos o que é o consumo simultâneo ou simultaneidade, precisamos analisar a representação gráfica do consumo diário X geração conforme abaixo:

Fonte: Ricardo Marques

O gráfico acima possui três regiões importantes e que necessitam destaque, que são:

  1. Região de consumo ativo fora do momento de geração;
  2. Região de energia Injetada;
  3. Região de Simultaneidade.

O gráfico abaixo serve para exemplificar e facilitar a compreensão sobre o que cada área representa.

Fonte: Ricardo Marques

Na área hachurada pela caneta vermelha temos o consumo ativo da rede. No cenário avaliado, a família possui um grande consumo no período em que está em casa. Este consumo representa o período em que a família está utilizando de forma contínua a rede da distribuidora de energia elétrica.

Na área hachurada pela caneta verde temos a energia Injetada. Na lógica convencional de um sistema residencial, o que ocorre é a geração de energia excedente durante o dia para acumular créditos que serão abatidos do consumo dos períodos de pouca geração solar (início do dia e à noite). Desta forma, essa área representa a energia que “sobra” durante o dia e é injetada na rede da distribuidora de energia elétrica, que será consumida instantaneamente por alguém na vizinhança.

Na área hachurada pela caneta azul temos o consumo simultâneo (Simultaneidade). Esta área representa a energia que é consumida simultaneamente ao período de geração, ou seja, a unidade gera energia e já consome simultaneamente. Essa energia não passa pelo medidor de energia, portanto, não incidirá cobrança de Fio B nesta parcela.

A área hachurada pela azul é o principal ponto de necessidade de entendimento para quantificar os impactos do Fio B nas contas de energia dos consumidores, pois o consumo simultâneo não é passível de tarifação até o momento, uma vez que não demanda utilização da rede local da distribuidora de energia e também não disponibiliza energia na rede local. 

No entendimento dos defensores da Lei 14.300, a utilização da infraestrutura da concessionária local nos períodos onde não há injeção de energia (área hachurada em caneta vermelha) deve ser tarifada na forma de pagamento do Fio B referente a este período de consumo. 

Um ponto bastante conflitante da Lei 14.300 é que a energia injetada na rede (área hachurada em verde) também alivia o sistema de distribuição e o consumidor não tem um benefício por proporcionar esse alívio, ele somente terá a obrigação de pagar o Fio B, não sendo uma via de mão dupla entre consumidor e distribuidora de energia.

Portanto, o cálculo dos percentuais do Fio B serão determinados sobre a injeção de energia ativa na rede elétrica da distribuidora de energia local.

Calculando o Fio B na prática

Chegamos finalmente ao ponto central deste artigo que é descobrir como efetivamente calcular o impacto do Fio B nas contas de energia de um cliente residencial B1. Também estamos considerando que a TUSD Fio B e a tarifa de fornecimento não sofrerão alteração ao longo dos anos para facilitar o entendimento. Para efeitos de cálculo, não isolamos a dedução do ICMS na compensação da TUSD, para que o cenário seja o mais próximo do real.

Também para efeito de cálculo, vamos simular os impactos em uma conta de energia no estado de São Paulo (CPFL Paulista) e o mesmo impacto em uma conta de energia no estado do Pará (Equatorial Pará).

  • Dados para simulação: Residência trifásica B1 Convencional
  • Perfil de consumo familiar: Vamos adotar para esse estudo o mesmo consumo da família do senhor José e dona Maria, referida acima.
  • Consumo médio mensal: 1000 kWh;
  • Consumo médio simultâneo: 200 kWh;
  • Consumo médio rede distribuidora: 800 kWh;
  • Fio B Padrão: corresponde ao Fio B coletado na data de 10 de janeiro no site da ANEEL;
  • Proporcional tarifado: corresponde ao valor em reais do Fio B multiplicado pelo percentual de tarifação correspondente ao ano de referência;
  • Consumo rede distribuidora: corresponde a tarifa mínima trifásica de 100 kWh multiplicada pela tarifa de energia com tributos;
  • Conta Lei 14.300: corresponde ao consumo médio da rede da distribuidora simulado (800 kWh) multiplicado pelo valor proporcional do fio B a ser pago.

Fonte: Ricardo Marques

Fonte: Ricardo Marques

Na simulação, não foi considerado o ano de 2029, por que ainda não foi definida a tarifa adicional (ou não) que será determinada pela ANEEL até o mês de junho de 2023, data em que se completam os 18 meses para valoração dos benefícios e custos da GD.

Muitas dúvidas ainda existem com relação ao custo de disponibilidade. O exemplo acima não está quantificado para os novos entrantes a partir do vencimento do período de vacância da lei. Desta forma, mencionarei de forma comentada o Art. 16 da Lei 14.300 para exemplificar porque o custo de disponibilidade deixa de existir:

“Art. 16. Para fins de compensação, a energia injetada, o excedente de energia ou o crédito de energia devem ser utilizados até o limite em que o valor em moeda relativo ao faturamento da unidade consumidora seja maior ou igual ao valor mínimo faturável da energia estabelecido na regulamentação vigente.”

Este trecho da lei elimina o custo de disponibilidade duplicado, que sempre foi muito questionado, e implementa tal eliminação de forma imediata a todos os que estão referidos no artigo 26. 

Este trata dos consumidores que já possuem projetos de energia solar ou que vão entrar com o parecer de acesso até o limite da vacância, portanto, extingue-se imediatamente a duplicação do custo de disponibilidade que antes era cobrado em unidades monetárias e também em créditos de compensação. Agora, agora será cobrado somente em unidades monetárias. 

Porém, também devemos entender outro trecho que é um parágrafo dentro do Art. 16.

“ § 1º Para as unidades consumidoras participantes do SCEE não enquadradas no caput do art. 26 desta Lei, o valor mínimo faturável da energia deve ser aplicado se o consumo medido na unidade consumidora, desconsideradas as compensações oriundas do SCEE, for inferior ao consumo mínimo faturável estabelecido na regulamentação vigente.”

Este parágrafo do artigo 16 é fundamental para o entendimento de como ficam as contas novas. Para entendê-lo, vou fragmentá-lo:

“ § 1º Para as unidades consumidoras participantes do SCEE não enquadradas no caput do art. 26 desta Lei” 

Este trecho refere-se a todos os que não são beneficiários do direito adquirido das regras atuais, ou seja, aqueles que solicitaram seu parecer de acesso após a vacância.

“o valor mínimo faturável da energia deve ser aplicado se o consumo medido na unidade consumidora, desconsideradas as compensações oriundas do SCEE, for inferior ao consumo mínimo faturável estabelecido na regulamentação vigente.”

De forma simplificada, esse texto diz que, no momento de definir se haverá tarifa mínima ou não, será observado o consumo ativo registrado. Irei exemplificar de forma prática. 

Exemplos de uma residência trifásica, cujo valor mínimo faturável é calculado com base em 100 kWh.

  • Residência consumiu 80 kwh da rede

Independente da quantidade injetada, deverá ser faturado o valor correspondente a 100 kWh,. Isso se deve ao fato de 80 kWh ser menor do que a quantidade mínima faturável.

  • Residência consumiu 200 kWh da rede e injetou 200 kWh na rede

Como o valor consumido é maior do que o mínimo faturável, não haverá cobrança de tarifa mínima, sendo, portanto, devido o pagamento de 200 kWh multiplicado pelo Fio B, multiplicado pelo percentual proporcional ao ano de solicitação de acesso do projeto.

Desta forma, este trecho da lei é de fundamental compreensão de todos, pois elimina a cobrança do custo de disponibilidade desde que a unidade consumidora tenha consumido da rede pelo menos o consumo mínimo faturável da classe de enquadramento, sendo 30 kWh para instalações monofásicas, 50 kWh para instalações bifásicas e 100 kWh para instalações trifásicas.

Como podemos notar na análise anterior, no caso da CPFL Paulista onde há maior adensamento, a Lei 14.300 começa a ser prejudicial para o Payback do consumidor somente a partir do quinto ano. Vale sempre ressaltar que esse cálculo considera somente o Fio B, dependendo da decisão do encontro de contas o resultado pode ser muito pior até para locais de menor adensamento populacional.

Já no caso do estado do Pará, a inversão de contas já ocorre no segundo ano de transição da lei, prejudicando o payback dos consumidores e fazendo com que no sexto ano de transição o valor pago pelo Fio B seja 3,57 vezes maior do que o valor que seria pago pela tarifa mínima. 

No âmbito do payback, muito foi falado sobre aumentar somente em um ano o retorno sobre investimento dos consumidores. Neste contexto, vamos também fazer uma análise financeira do investimento, considerando o cenário atual e o cenário futuro. Para valoração e análise técnica os seguintes dados foram levados em consideração:

  • Dados para simulação: Projeto para 1000 kWh hora;
  • Investimento: R$ 45.000,00;
  • Período de análise: 25 anos;
  • Tarifa de energia CPFL: 0,82 centavos;
  • Tarifa de energia Equatorial Pará: 0,76 centavos;
  • Percentual de redução de geração: 20% em 25 anos;
  • Estimativa de custo de manutenção: 1,5% do valor de investimento ao ano;
  • Reposição de microinversores: Valor para aquisição de 4 novos microinversores para este sistema;
  • Retorno Financeiro Bruto: Valor economizado em 300 meses ou 25 anos;
  • Desconto perda de geração 25 anos: Valor monetário proporcional a redução de geração de 20% em 25 anos;
  • Retorno Financeiro Líquido: Valor total economizado em 300 meses subtraindo todos os custos no mesmo período;
  • Observação Relevante: Para efeito de comparação e compreensão, não foram consideradas, a inflação anual e as atualizações monetárias da tarifa, tendo em vista que, com variações pequenas, as correções monetárias na tarifa ocorrem na mesma proporção da inflação. Também não foram consideradas variações no custos de aquisição deste mesmo sistema fotovoltaico ao longo dos anos.

Fonte: Ricardo Marques

Em uma simulação na CPFL Paulista, o projeto atualmente (com as regras atuais) tem payback de 61 meses. Já quem instalar um sistema fotovoltaico no início de 2023, terá um payback de 58 meses. Aqueles que instalarem seus projetos a partir do ano de 2024 já terão payback similar ao atual, e então o payback aumenta, ano a ano, na proporção de aproximadamente um mês por ano.

Em casos como a CPFL Paulista, onde o Fio B é relativamente barato em proporção a tarifa de energia total, os impactos da nova Lei não são tão drásticos.

O grande problema é que aqueles que adquirirem os seus sistemas a partir do ano de 2025 já podem ter uma variação drástica no seu payback a depender da decisão da ANEEL em relação ao encontro de contas, que pode manter somente a tarifação da TUSD Fio B, ou pode ainda, implementar a alternativa 5, onde o consumidor não compensará todas as componentes tarifárias de uma conta de energia.

Simulação Equatorial Pará

 

Fonte: Ricardo Marques

Já em um cenário de simulação na Equatorial Pará, o cenário pode ser considerado desastroso e catastrófico. Consumidores que adquirirem o sistema fotovoltaico em 2023 já terão um payback aumentado em 9 meses, considerando somente a tarifação do Fio B.

Conclusões

O antigo Projeto de Lei 5829/2019 realmente foi aprovado e tornou-se a Lei 14.300/2022. O tema continua a despertar polêmicas e discussões entre as entidades representativas do setor. É fundamental que o integrador entenda como o projeto impacta em sua realidade para saber se posicionar.

Existem várias incongruências nos discursos no âmbito político e na esfera de representação da classe de Energia Solar Fotovoltaica. Uma grande incongruência está associada a democratização da energia limpa, onde existem diversos discursos mencionando que a lei auxilia e facilita a aquisição de sistemas fotovoltaicos do ponto de vista do consumidor, e também estimula o integrador.

Porém, o que vemos de fato é que Norte e Nordeste estão sendo fortemente penalizados com a tarifação do Fio B. Estados como Pará, Maranhão e Piauí sofrerão primeiro os impactos da nova forma de tarifação, portanto o discurso de que o Fio B favorece o mais pobre e democratiza o setor cai por terra quando analisamos que o estado do Pará, por exemplo, está em 23º lugar no índice de pobreza com estrondosos 19,2% de pobreza. 

Já o Estado do Maranhão, um grande prejudicado pela Lei 14.300, está em último lugar no ranking de pobreza do país, com 26,3% de pobreza. Portanto os mais pobres estão sendo os mais impactados. Este é um exemplo de incongruência.

O momento é de estudo, capacitação e união daqueles que defendem realmente o mercado de energia solar. Estudo para conseguir tirar suas próprias conclusões sobre a lei e sobre o cenário nacional, capacitação para conseguir prestar um atendimento consultivo aos clientes que precisarão de soluções mais técnicas, e, por fim, união daqueles que realmente representam o mercado de energia solar. Essa união será fundamental para tentar limitar o impacto negativo do projeto nas contas de energia.

Como conclusão final, a minha recomendação pessoal é que concentremos totalmente nossos olhares para os critérios e estudos de valoração que a ANEEL fará com relação aos benefícios e custos da geração distribuída. 

O resultado desse estudo pode, inclusive, afundar totalmente o mercado de energia solar. Se não nos engajarmos para exigir representatividade na análise, se não nos envolvermos nas consultas públicas, podemos sim esperar o pior.

Congestionamentos em portos chineses vão prejudicar a entrega de equipamentos?

 


Com a aproximação do Ano Novo Chinês, planejamento prévio é essencial para evitar falta de produtos no mercado fotovoltaico.

A cadeia produtiva internacional pode ser afetada nas próximas semanas devido ao congestionamento no Porto de Xangai e o acúmulo de contêineres no Porto de Shenzhen, ambos localizados na China. As informações são da Bloomberg.

O acúmulo de contêineres tem se agravado à medida que o congestionamento nos EUA e na Europa retorna à Ásia, atrasando os navios que coletam mercadorias do centro de fabricação e tecnologia.

Além disso, desde semana passada os navios estão indo direto para o Porto de Xangai após a cidade de Ningbo suspender alguns serviços de transporte rodoviário em seu porto devido a um surto de covid-19, piorando a situação.

Outro fator é a aproximação do Ano Novo Chinês, que começa na próxima semana. Os fabricantes do sul da China estão fazendo um último esforço para enviar mercadorias antes do feriado.

Segundo a Bloomberg, em 13 de janeiro os volumes transportados para o terminal de Shenzhen estavam cerca de 30% acima dos níveis de dezembro. 

“Assim como o feriado do Ano Novo, ao longo do ano ocorrem várias “Golden Week” na China, que são feriados prolongados propositalmente para que os trabalhadores tenham tempo hábil de retornar às suas cidades de origem e passar um tempo de qualidade com a família, já que é muito comum trabalhadores morarem em outras cidades e dormirem em alojamentos das empresas”, explica Richard Godoy, diretor de Importação da All Commodities China.

Segundo ele, apesar do cenário atual o mercado internacional já vem apresentando sinais positivos. “Realmente, o cenário não está nada favorável perto do que era antes do surgimento do Covid-19, mas temos que ser otimistas. Nas últimas semanas notamos uma leve redução nas tarifas, contêineres que chegaram a ser embarcados na casa dos 14 mil dólares, foram negociados nessa semana por 11 mil dólares, o que nos trás esperança para o cenário pós Ano Novo Chinês”, acrescenta.

Afinal, como essa situação nos portos chineses pode afetar o Brasil?

O Ano Novo Chinês é um feriado que impacta toda a cadeia produtiva fotovoltaica, por este motivo um planejamento prévio é essencial para evitar, segundo avaliação de profissionais do setor solar.

“Quem depende de importações oriundas da China precisa trabalhar com estratégia para evitar atrasos e falta de produtos finais ou matéria prima. Desde o início da pandemia, a palavra estratégia nunca fez tanto sentido, seja para garantir embarque ou já contar com o atraso no lead time dos produtos”, enfatiza Godoy.

“Se a empresa trabalhar com estratégia, como fazemos aqui na All Commodities China, esses impactos não são nem percebidos. Nossos clientes continuam recebendo suas cargas e mantendo suas produções normalmente”, acrescenta Godoy.

Este senso de planejamento também está presente nas empresas que fabricam e importam equipamentos fotovoltaicos. “Todos os anos passamos por esse cenário logístico no pré e pós ano novo chinês, com as fábricas parando e a logística internacional assumindo o caos em todos os setores. Nos últimos anos, com a Covid-19, isso se tornou ainda mais delicado, porém, sabendo dessas dificuldades, preparamos a Esfera Solar para passar os próximos três meses sem que os riscos calculáveis nos afetem”, comenta Gustavo Tegon, co-fundador da Esfera Solar.

“Estamos tranquilos pois estamos com muitos contêineres no porto e embarcados, referente a quase dois meses da produção atual. Mas quem está aguardando a liberação agora está com um problema gigante”, afirma Roberto Caurim, CEO da Bluesun.

Leandro Martins, presidente da Ecori, também afirma que as atividades na empresa não serão afetadas. “Para a Ecori isso não muda nada. As aberturas e fechamentos dos portos na China estão acontecendo desde o ano passado e a Ecori sempre se prepara com antecedência para o Ano Novo Chinês porque sabe que é um período de muitos fechamentos”, destaca.

“Recebemos todos os navios que eram para chegar e percebemos que existem problemas para os navios saírem antes do feriado e estamos acompanhando a situação para ver o que vai acontecer. Quanto ao pós feriado, sabemos que deve atrasar um pouco mas nada afete severamente a situação. É algo pontual e deve refletir apenas em 20 a 30% dos embarques”, comenta Fábio Delgado, Diretor Comercial da TechLux Distribuidora.

Outros desafios

Segundo Adilson Lima, gerente de Planejamento e Logística da Canadian, além do Ano Novo Chinês, outros desafios devem impactar o mercado fotovoltaico internacional. “Assim como em 2021, o ano de 2022 será muito desafiador para a cadeia de suprimentos de módulos e inversores, especialmente por ser esperado um aumento na demanda local dada a aprovação da Lei 14.300/2022. O aumento do dólar tem impactado os custos de logística internacional e a proporção oferta e demanda está desigual. Cabe a nós negociarmos bons contratos com armadores para garantir o frete e manter um estoque local para atender todos os clientes”, avalia Lima.

Christian Bernhardt, gerente de Suprimentos da Renovigi, acrescenta que neste ano também teremos o impacto dos Jogos Olímpicos de inverno, que combinado com o aumento de casos da variante Ômicron e política restritiva para a Covid-19 na China, podem ocasionar lockdowns com impacto na cadeia de suprimentos. “Apesar dos obstáculos comentados, acreditamos que com a estratégia de estoque de segurança adotada, não teremos problemas para atender os nossos parceiros e clientes” complementa Bernhardt.

Fonte: canalsolar.com.br

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Geração solar distribuída atinge marca de 8 GW no Brasil

 


Com 720 mil sistemas conectados à rede, GD solar já está presente em mais de 97,3% dos munícipios brasileiros.

A GD (geração distribuída) solar atingiu a marca de 8 GW de potência instalada no Brasil na manhã desta quarta-feira (22), segundo dados coletados pelo Canal Solar, junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). 

Os números mostram que, somente em 2021, mais de 3,18 GW foram contabilizados pelo segmento em todos os estados brasileiros. Trata-se de um recorde que – mesmo sem o ano terminar – já supera, com folga, todo o montante acumulado em 2020 (2,68 GW). 

Atualmente, a GD solar também já soma mais de 720 mil sistemas conectados à rede e instalados em residências, indústrias, comércios, prédios públicos, propriedades rurais e empresas de serviços. No dia 1° de janeiro de 2021, eram 321,6 mil sistemas. 

“São números que representam um grande marco para o setor fotovoltaico brasileiro. A energia solar é democrática e todos podem ter acesso. Ao meu ver, são dados que animam o setor e que deixam todos os profissionais esperançosos pelo que vem pela frente em 2022”, avalia Gustavo Tegon, especialista em energia solar e co-fundador da Esfera Solar.

Outros números 

Os números da ANEEL, mostram também que a fonte solar distribuída já está presente em mais de 97,3% dos munícipios brasileiros (5.420 do total de 5.570), sendo Minas Gerais (1,44 GW), São Paulo (1,03 MW), Rio Grande do Sul (0,97 GW), Mato Grosso (0,59 GW) e Paraná (0,42 GW), os estados que lideram a geração em potência instalada. 

Entre as classes de consumo, a residencial é a que possui os maiores números, com 3,46 GW. Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio e serviços (2,74 GW), os consumidores rurais (1,08 GW) e as indústrias (0,6 GW). Setores como o poder público, serviço público e iluminação pública somam juntos outros 98,2 MW. 

Empregos no setor solar 

Nos primeiros onze meses do ano, o Brasil ultrapassou a marca de 141 mil empregos gerados no setor de energia solar. Trata-se de um aumento de 63,9% em relação às 86 mil admissões que foram realizadas ao longo de todo o ano de 2020. As informações também foram levantadas pelo Canal Solar, com base em dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Para 2022, são esperados novos investimentos no setor e melhorias no ambiente financeiro das empresas, o que deve estimular a busca por novos profissionais no mercado. Segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a GD fotovoltaica vem crescendo cerca de 230% ao ano no Brasil desde 2020. 


Henrique Hein

Atuou como repórter no jornal Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de matérias jornalísticas. Acompanha o setor de energia solar fotovoltaica, cobrindo as editorias de Mercado e Tendências; Negócios e Empresas; Cases e Bastidores da Política.