No último fim de semana a capital maranhense foi vitimada
por fortes chuvas que destruíram parte do Centro Histórico, desabrigaram
centenas de pessoas, atrapalharam a vida de outros milhares e expuseram a
situação de vulnerabilidade de São Luís.
Como político cabe a mim a crítica política. Lancei mão
deste direito para fazer um parâmetro entre a situação caótica em que se
encontra São Luís e a hegemonia do PDT na prefeitura durante as últimas décadas.
Esperava que minhas colocações fossem contrapostas de forma racional, com um
debate propositivo e responsável. Mas, como sempre, a resposta dos que comandam
a prefeitura e o estado é sempre no âmbito pessoal, familiar, e completamente
distorcida. Para se ter uma ideia, minha passagem por Harvard, que resultou em
muito suor, dedicação aos estudos e distância de pessoas queridas, foi tratada
com desdém.
A única coisa que talvez possa justificar tal atitude é o
desespero pela impotência frente à necessidade de defesa do indefensável.
Tentar tirar a responsabilidade administrativa de um partido que participou
diretamente do comando de quase todas as gestões de 1989 até 2019 é uma tarefa
forçosa, impossível e ingrata.
É fato que toda e qualquer discussão sobre a cidade deve ser
iniciada identificando-se os responsáveis. Por isso é lógico que o PDT tem sim
responsabilidade sobre a situação vulnerável de nossa capital em todos os
setores. Assim também é o Governo do Estado, que foi reeleito no ano passado
com um discurso de parceria com a Prefeitura, prometendo melhorias para São
Luís. Prometeu, mas não cumpriu. Agora em meio ao caos, o governador e sua
equipe se escondem, como se tudo que está acontecendo não fosse também
responsabilidade deles.
Fato é que a gestão municipal não dispõe de uma rede de
proteção que possa tomar medidas rápidas para situações que não deveriam ser
inesperadas.
Tentando mostrar serviço, põe-se a imagem do prefeito
Edivaldo Holanda Jr nas redes sociais afirmando que acompanha os técnicos da
prefeitura nas visitas aos locais atingidos pelas chuvas, ao mesmo tempo em que
são mostradas as ruínas do Centro Histórico, isto é, temos aí o ponto alto de
um modelo de gestão falido. Na ausência de atitudes, resta ao prefeito apenas a
contemplação dos efeitos. E por onde anda o governo do estado e sua tão
alarmada parceria?
A boa gestão deveria prever esse tipo de situação que, dadas
as circunstâncias, é facilmente previsível. Entra ano e sai ano continua o PDT,
cujo modelo de gestão é sempre optar pelos tapa buracos e outros paliativos,
mas raramente ações concretas como obras de drenagem e saneamento. Preparem-se
para daqui a um ano, pois às vésperas das eleições do ano que vem a Prefeitura
e Estado vão derramar asfalto de péssima qualidade nas ruas sem ao menos
executar os serviços de drenagem.
Já prevendo essa tragédia, no final do ano passado tentei
garantir R$ 5 milhões do orçamento estadual para a defesa de desabrigados e
ações que visassem prevenir os impactos das chuvas. Esta proposta foi rejeitada
por toda a bancada governista, inclusive o PDT, que há quase 30 anos mantém-se
no poder em São Luís.
Por fim, dirijo-me aos demais que sempre irão apelar para
ataques pessoais quando o assunto lhes for inconveniente. Da mesma forma que
amo a minha família, respeito as demais famílias. Assim procedo na política e
na vida. O vício de confundir família com política, sangue com retórica, nunca
fará parte do meu repertório. Tenho a maturidade para honrar meu sobrenome
seguindo meu próprio caminho e sempre travando debates pertinentes que passem
longe da falácia e do ataque gratuito. Vou seguir trabalhando e muito,
diferente daqueles que buscam o caminho mais fácil.
Bradar aos ventos e pôr a culpa nos outros não irá apagar os
30 anos de abandono de São Luís. Sei que o povo é ciente disso.
Adriano
Sarney
Deputado Estadual, Economista com pós-graduação pela Université
Paris (Sorbone, França) e em Gestão pela Universidade Harvard.
Twitter:
@AdrianoSarney
Facebook: @adriano.sarney
Instagram:
@adrianosarney
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