segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Registros de agroquímicos diminuiu em 2020. Onde está o equívoco?


Por Eliane Kay, diretora executiva do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Os dados são oficiais. Em 2020 foram registrados 399 defensivos químicos para proteção de cultivos, contra 433 insumos químicos registrados no ano anterior. Ao contrário do que tem sido noticiado por alguns veículos de comunicação, não houve recorde nem aumento no número de registros de defensivos agrícolas químicos em 2020. Na verdade, houve redução de 8%, como mostram os dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Mas ter queda do número de registro de agroquímicos é bom para a agricultura brasileira? Não necessariamente. Apesar de ser a primeira redução na quantidade de químicos liberados no país desde 2015, ela não deve ser comemorada, tendo em vista a necessidade urgente de novas tecnologias para combater pragas e doenças com eficiência e, assim, contribuir para evitar a redução da produção de alimentos.

A verdade dos fatos é que, em 2020, verificou-se expressivo aumento do número de registros de produtos biológicos. Foram 94 liberações em 2020, ante 40 do ano anterior: crescimento de 135%. Com exceção de 2019, que teve queda em relação a 2018, todos os anos desde 2015 registraram elevação dessa classe de produtos, que se enquadram nos parâmetros do Plano Nacional de Bioinsumos, lançado no ano passado exatamente para estimular a produção biológica. Os primeiros resultados comprovam que a iniciativa teve resultado.

A desinformação ou a má informação são extremamente prejudiciais para a agricultura brasileira, um setor essencial em termos econômicos e para prover de alimentos a população brasileira e de outros 160 países. Os defensivos agrícolas combatem insetos, fungos, doenças e ervas daninhas que, se não bem manejados, comprometem o acesso da população aos alimentos, devido à redução da oferta e à explosão de preços de uma eventual escassez. Sem esses insumos essenciais, o Brasil poderia perder 100 milhões de toneladas de grãos.

Os números de registros de defensivos de 2020 escondem outros detalhes. A maioria dos produtos químicos aprovados, já estão em uso no mercado, sendo: 85% das autorizações referem-se a produtos equivalentes (ou seja, genéricos) e apenas 15% são novas soluções. Os produtos demoram mais de 5 anos na fila e, alguns por volta de 8 anos. A atual administração, tanto da Anvisa, Ibama e MAPA, tem investido arduamente para melhorar a produtividade de todo o funcionalismo público sem perder a rigorosa avaliação de todos os produtos. O que é verdade é que o Brasil ainda é pelo menos duas vezes mais lento neste processo do que seus pares, seja na Europa, Ásia ou Estados Unidos.

Que fique bem claro: a ciência e tecnologia são primordiais no combate aos inimigos da produtividade agrícola, além de serem mais sustentáveis para o meio ambiente e para a economia nacional, possibilitando assim, maior segurança para as pessoas quando devidamente aplicados nos cultivos, seguindo os rigorosos protocolos de uso correto e seguro regulamentados pelos órgãos já citados: Anvisa, Ibama e MAPA.

Assim como acontece em diversos setores, o avanço da pesquisa e da ciência permite o desenvolvimento constante de tecnologias mais efetivas e seguras contra os detratores de produtividade, o que é bastante positivo para o aumento da produção de alimentos no campo. Isso é necessário pois o clima brasileiro é propício para as pragas, doenças e ervas daninhas, que se tornam cada vez mais resistentes aos insumos disponíveis no mercado.

É preciso vencer o preconceito em relação aos insumos químicos. Eles ajudam a produzir mais alimentos e são essenciais para colocar comida na mesa das pessoas.

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